Comecei a escrever muito antes de, se quer pensar em publicação, aliás, era muito jovem mesmo, uma criança nascida na zona rural, onde livros eram raros, praticamente só tínhamos a cartilha do Povo. Ficava observando os meus primos mais velhos lendo, nossa, aquilo me dava fascinação, a ponto de ficar fingindo que lia, para as vacas no curral, parecia uma coisa sobrenatural. Queria me interessar por brincadeiras normais de minha idade, mas o que me levava ao mundo de magia, para longe da realidade, eram aqueles textos de livros de série bem elevada. Fui praticamente autodidata, simplesmente tive de que sê-lo, já que a escola que tinha naquele lugar ficava a mais de oito quilômetros diários. Aprendi o ABC, e comecei a juntar as sílabas, foi fácil, porque aprendi certinho a pronunciar os fonemas. Lia para meu avô, ele era semianalfabeto, mas fazia inveja a qualquer um alfabetizado, pela sabedoria empírica que tinha. Se estou aqui, hoje, foi graças aos ensinamentos de meu “Pai C”, como o chamava carinhosamente. Sempre que conversávamos e era todos os dias, ele dizia: Minha filha, seja bem lida e bem corrida, aprenda a investir naquilo que de melhor possa sobressair-se”. Estou fazendo isso, não pela fama ou dinheiro, mas sobretudo para que minha história de luta seja exemplo para os jovens, hoje. Nunca rolei uma pedra do meu caminho, pois, cada uma foi movida com esforço, arrancando-a, com muita determinação. Foi assim que começou. Na verdade, a Leitura me fascina, seja ela de qualquer gênero literário, mas a poesia, por esse gênero, sou apaixonada, o primeiro poema que tive contato foi “Canção do Exílio”, do maranhense Gonçalves Dias, logo vieram, tantos outros. Quero dizer que ao longo de minha vida acadêmica li muito, ficava entre o intervalo da manhã e o da tarde, já que residia em outra cidade da circunvizinhança, ficava na biblioteca do Campus. Em casa, minha leitura era romances, bem água com açúcar mesmo, para aliviar os percalços da vida. Hoje, além da leitura, o que mais me sustenta, o que me fez reinventar, de fato, foi a Escrita. Sim. Fazer poesia, crônica, memória e tantos outros gêneros textuais passou a ser meu mais novo investimento. Sinto-me mais jovem agora. Parece até que renasci. Quero seguir escrevendo, postando e fazendo alegria para aqueles, que como eu, amam e valorizam a leitura que transforma a nossa vida. Mesmo se isolada, ou quando nos encontrarmos cercados por pessoas que nos amam. Como é bom poder criar. Escrever, no isolamento, é a minha redenção, “A cura pela poesia foi a solução.
Hoje,
Preciso de você, mesmo sem interagir,
sem responder, sem perguntar!
Preciso de sua presença sem cor,
nem dor, nem discussão sem sentido
só preciso de seus ouvidos, das suas linhas,
da sua suavidade, preciso de, pelo menos
sua metade, suas linhas retas
quero um momento nosso, um momento meu,
quero te contar, contar e contar mais ainda com você
hoje, amanhã, sempre que der e vier, estaremos juntos
quero falar de uma coisa, de duas ou mais ideias,
quero que o mundo todo se feche, mas você não,
meu querido, nosso entendimento é total,
meu diário, minha licença e coisa e tal,
quero a sua presença com tudo que for legal.
Assim como tudo por ELE começou
É por Ele que eu homenageio os Pais,
\Meu avô era um pai que não era doutor
Mas o seu amor me leva, onde que quero chegar!!
"...faço hoje um verso sangrado
me lembrando do passado
quando ainda tinha uma família
com todos juntos e misturados
lá ninguém era dono de nada
não tinha um pão para cada
mas o milagre meu avô fazia
quando divida cinco pães em fatia
e cada um tinha o seu todo dia
era aquela união na hora da divisão
fosse do arroz feijão ou pão
tudo era milimetrado
nenhum pegava maior
e meu avô ainda me dava
a metade da sua metade
e dizia que na sua idade
era pouca a fome sentida
só comia para manter a vida
tão necessária pra nós
que de pai era só ele
que na vida nós conhecia
e confesso sem pudor
que a ele eu tinha tanto amor
que ao ouvir a voz dele
já saia agradecendo a Deus
pela existência dele "
Fátima Sá- Prosapoesiasemestilo#